Foi divino o que aconteceu ontem. Era o Vai Quem Quer. Iam dezenas. Centenas cintilavam. Pareciam que estavam bem acomodados, numa espécie de lavatório humano, despregando toda fantasia - tanto estomacal, quanto espiritual. Desalinhados iam seguindo o som da banda, da água e da gelada. Atrás das bundas cintilantes e das remendas.
Naquela tardizinha fria, dali sobre a rua, numa sacada jogamos água na multidão que rolava na calçada, feito querendo se empanar. Todos rolando, girando e balançando os pés e as mãos como se dançassem. Num remelexo desconexo e bêbado. A musica não podia ser diferente, soava estranho por que eles batiam com os instrumentos no chão na hora de girar com o corpo, pois, na certa, eles abiscoitariam métodos para tal façanha. Giravam com trombones, saxofones, trombetas, clarinetes e cornetos, linearmente e, sem sacar a boca da sua função destorciam suas goelas. Era lindo. Todos gritando. Bêbados e girando um por sobre os outros, desesperados e felizes. Aquela cena esborniante me fez refletir sobre um dia. Dia claro,pois é, calor. Dia de Vai Quem Quer. Eu, Joel, Julia, Rodolfo, Mara, Jonas e Flávia florzinha. Lá embaixo, na rua com uma porção de gente rolando -todos bêbados- giravam mais rápidos, embora não adiantava muito, pois, a medida que aumentava a velocidade, desalentava a diminuir os espaços restantes de pele em seus corpos. Os músicos tinham mais sorte. Hora eles estavam no chão, hora suspenso no ar. Isso devido ao cumprimento de não para de tocar um segundo se quer. Eles giravam e, executando o movimento de ficar de brussu erguiam-se por sobre os instrumentos. Por isso se machucavam menos. No entanto eles não ficavam bêbados, e é nesse ponto da história começa. Um dia, um cara da banda, num desses Vai Quem Quer, tocava clarinete, lembro ter observado esse cara passar toda a rua, ele girava igual aos outro da banda, porém, ele não tocava. Lembro de ver teus assopros, mas não ouvi o som do teu instrumento. Aí percebi que ele fazia o movimento avesso. puxava, em vez de espargir. Aflito, não comentei nada. Ele estava bebendo toda cerveja que ia caindo dos copos do folião. A rua estava a uns três dedos mindinhos inundados de cerveja. E um dia desses, as pessoas começaram a ir ao Vai Quem Quer rolando. Então o prefeito Peixoto e o secretário de transporte Jair decidiram ajeitar um jeito de por caninhos minúsculos na rua, assim e, conforme o girar da pessoa, aplicar uma boa puxada, ficado assim, um pouco mais bêbado, um pouco mais feliz.Entretanto, sabe-se lá o que sucedeu, entupiu todos os caninhos por um minúsculo tempo e, de repente, aquela manadeiro de cerveja.
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